sábado, 26 de agosto de 2017

Traje de banho 1890s

    Traje de banho 1890's composto de vestido, bloomers e cinto.Feito em tricoline  com detalhes em fita de cetim e gorgurão. Usado com meia calça e oxfords (Moleca) e chapéu customizado pela Pauline Kisner

    Principais inspirações: Tim Burton, modelos de museus

  Posts relacionados: Traje de banho 1890s (sobre o processo de costura), A moda praia na era vitoriana

    Fotos por Mau Kisner:



    Fotos tiradas por amigos (sorry, não lembro mais quem foi) editadas por mim:






Durante o Victorians by the sea, evento da Sociedade História Desterrense. Foto por Helio Seichi:



    Caso pretenda postar as fotos em algum outro lugar por favor me avise e mantenha o crédito dos fotógrafos.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Clássicos de horror e mistério do século XIX

     Se tem algo que eu gosto bastante é de ler clássicos da literatura. Saber a história original por trás de adaptações, conhecer obras que inspiraram autores que admiro...ver o que tem de interessante em histórias que mesmo depois de séculos ainda são populares e se tornaram referência. Dentre eles, gosto bastante clássicos de fantasia, mistério e horror e já li vários desse gênero. Trago aqui uma lista com meus favoritos para apresentar e comentar com vocês.

Drácula

     Como falar sobre clássicos de horror sem citar Drácula (Bram Stoker, 1897)? Apesar de ser um livro que dispensa apresentações, faço uma breve: se trata de um compilado de cartas, diários e recortes de jornais que juntos contam a história de Drácula e sua presença na vida de várias pessoas e em vários lugares da Europa; personagens que estão praticamente à mercê de um ser invencível e aparentemente onipresente. É provavelmente o livro de vampiro mais conhecido e consolidou a mitologia dos mesmos com muitas características que são utilizadas até hoje por autores do gênero. Bram Stoker é um exemplo na construção de mistério e várias vezes me peguei apreensiva com o desenvolvimento do enredo mesmo já conhecendo o final por conta das adaptações. Aliás, mesmo que você já conheça a história, Drácula é um livro que vale a pena a leitura pela forma única intrigante como ela é contada na escrita. 

Frankenstein

"O que eu desejava eram o segredos do céu e da terra; e quer me ocupasse da substância das coisas, quer do íntimo espírito da natureza e da misteriosa alma do homem, minhas investigações sempre se voltavam para os segredos metafísicos ou, no sentido mais amplo do termo, físicos do mundo."

    A história de Frankestein - Ou O Prometeu moderno (Mary Shelley, 1818) é narrada por Dr. Victor Frankenstein, um estudante incrivelmente talentoso obcecado em dominar a natureza e ser capaz de criar vida. Victor tem êxito em seu projeto e abandona a sua criatura no mesmo instante devido ao horror que sente por ela. Desde então vemos os terríveis acontecimentos que surgiram em consequência desse ato. Ao contrário do que possa parecer pela premissa, a atmosfera de horror não tem como base simplesmente a presença de um monstro na história, mas sim o tormento que criador e criatura sofrem, na expectativa de que um dia possam acertar as contas. Mary Shelley foi pioneira da ficção científica e seus personagens são muito bem escritos. Frankenstein é um livro que aborda discussões sobre os limites da ciência e a ambiguidade nos conceitos de bem e mal, herói e vilão.  Um livro sobre monstro que fala principalmente de sentimentos humanos. Na minha opinião o maior trinfo do livro é a melancolia que transparece e nos faz refletir sobre o que realmente define um monstro.

O médico e o monstro


"Percebi que, das duas naturezas que contendiam no campo da minha consciência, mesmo se eu pudesse ser reconhecido como uma delas, isso só seria possível porque eu era radicalmente ambas."

    Mais um caso de uma história que foi amplamente adaptada mas cujo material original vale muito a pena ser lido. Em O Médico e o Monstro (Robert Louis Stevenson, 1886) acompanhamos as investigações de um amigo e advogado de Henry Jekyll - um médico respeitável-  que deixa Mr. Hyde - um homem odioso que causa estranhamento a todos que o conhecem - como seu principal beneficiário em seu testamento. Uma história de mistério com elementos de horror e ficção científica, O médico e o Monstro foi um grande sucesso à sua época e continua sendo referenciado em várias obras até hoje.

Edgar Allan Poe

    Ao contrário dos outros itens da lista, cito aqui um autor ao invés de uma obra específica. Faço essa exceção porque boa parte das obras de Poe tinham como temática o horror e sobrenatural. É impossível criar uma lista dessa temática sem citá-lo. Deixou uma vasta obra composta principalmente de contos e poemas que tratavam do sobrenatural, horror, morte e loucura. Mas também existem contos de mistérios com detetives que influenciaram até mesmo Conan Dyle. Voltando ao horror, recomendo principalmente: O gato preto, O coração delatante, e O poço e o pendulo.

Carmilla



    Décadas antes de Drácula existia Carmilla, uma novela escrita por Sheridan Le Fanu (1872) que inclusive inspirou Bram Stoker em sua obra. O livro começa com a descrição de uma família composta apenas por Laura e seu pai que vivem em um castelo isolado na longínqua Estíria. Em meio a um passeio presenciaram um acidente com uma carruagem em que viajava uma moça e sua mãe. Vendo a gravidade dos ferimentos, o pai de Laura oferece hospedagem para que a garota possa se recuperar em sua casa ao mesmo tempo que faz companhia para a sua filha que estava solitária. Carmilla é uma garota descrita como bela porém lânguida e extremamente misteriosa, e que aos poucos conquista e encanta Laura cada vez mais. Um outro clássico em histórias de vampiro e do romance gótico, Carmilla apresenta os mistérios característicos desse tipo de história e também é uma obra que chama atenção por apresentar (mesmo que de uma forma sutil) um romance entre duas mulheres.

O homem de areia

    Esse conto (de E.T.A Roffmann, 1816) que começa de forma epistolar acompanha a história de Nataniel desde a sua infância, quando ele acha que um amigo de seu pai chamado Coppelius é o Homem de Areia, uma pessoa má que arranca os olhos das crianças, até a sua vida adulta quando ele viaja em função de seus estudos e conhece o Coppola, que se assemelha muito ao odioso Coppelius e acaba deixando-o perturbado. Em meio a tudo isso Nataniel conhece Olímpia, uma moça misteriosa e calada que abala seu coração mesmo ele estando noivo de Clara. O que eu mais gosto nesse conto é a atmosfera de terror que vai aumentando à medida que a lucidez de Nataniel começa a oscilar, até que chega um momento em que você não sabe em qual ponto de vista acreditar.

Menção honrosa: Penny Dreadful


    Para quem gosta de clássicos de horror e mistério vitorianos Penny Dreadful é um prato cheio! A história é principalmente sobre Vanessa Ives, que busca ajuda de homens habilidosos para encontrar sua amiga Mina, que sumiu de forma misteriosa. A série que foi concluída em 3 temporadas toca em assuntos como religião, sexualidade, sobrenatural...a atmosfera de horror e mistério está sempre presente. Mas a cito aqui principalmente porque entre os personagens da série estão Dorian Gray, Van Hellsing, Frankenstein, Dr. Jekyll, Drácula...entre outros que fazem parte de clássicos de horror vitorianos. Aliás o próprio nome da série faz referência a esse tipo de história, Penny Dreadful eram histórias curtas vendidas a um preço barato durante a Inglaterra vitoriana.

E você? Já leu algum desses títulos? Qual livro acrescentaria à lista?  

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Ensaio fotográfico: Picnic Jane Austen

"A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras são muitas vezes utilizados como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. Orgulho se relaciona mais a nossa opinião de nós mesmos, a vaidade, o que teríamos que os outros pensam de nós."
Jane Austen em Orgulho e Preconceito


    Ensaio fotográfico que fiz durante o III Picnic Jane Austen, que aconteceu em abril no Parque do Ibirapuera. O meu vestido é baseado em modelos da década de 1810 e feito por mim. As fotos são por Italo Vinícius, e você pode conferir o trabalho dele na sua página ou instagram

    Espero que gostem ^^ 










"Mas enquanto a imaginação das outras pessoas as levar a fazer julgamentos errados sobre a nossa conduta e a avalia-la de acordo com aparência superficial, nossa felicidade estará sempre a mercê do acaso"
Jane Austen em Razão e Sensibilidade










Gostaram desse formato de post? Futuramente pretendo colocar outros ensaios aqui no blog. 


sábado, 1 de julho de 2017

E essas mulheres que se apertavam em corsets?

  O corset (ou espartilho, em português) é sem dúvida uma das peças mais controversas da história da moda, e vários aspectos relacionados a ele nos causam curiosidade. Vilão ou aliado? Um sacrifício feito em nome da beleza? Como separar o senso comum de fatos? Nesse artigo eu apresento alguns aspectos e curiosidades acerca do corset e como eles eram usados na época. 

Polaire em 1890

O que é corset? Como são feitos? O que comem?

Corsets são peças divididas em painéis que são estruturados por barbatanas e várias camadas de tecido, com o ajuste feito por meio da uma amarração nas costas. O mais comum é que tenham também uma abertura frontal e sejam feitos sob medida. Peças semelhantes existem desde o século XVI e o corset como conhecemos hoje surgiu no século XIX, durante a Era Vitoriana (1837-1901). Apesar de espartilho ser a tradução correta de corset, aqui no Brasil virou sinônimo de um outro tipo de lingerie, geralmente em malha e combinada com cinta-liga.

Corsets de 1860, 1870s e 1890, respectivamente

A principal função do corset era o suporte do tronco e seios, além de delinear a silhueta para que o vestido assente melhor no corpo. Era uma roupa de baixo básica e usada por mulheres de praticamente todas as classes sociais, com variações na sua confecção, qualidade de materiais e a frequência em que essa peça era usada e substituída. Apesar de a intenção inicialmente não ser afinar a cintura, isso acontecia por ser uma peça bem ajustada e com o seu uso a longo prazo (versões mais leves dos corsets eram usados desde a infância pelas mulheres), causando assim uma diminuição progressiva de medidas.

O papel social do corset:

“Eles proporcionavam moda, naturalmente, mas para a mente vitoriana eles também proporcionam auto-respeito, sedução, conformidade social e uma série de benefícios à saúde”
Ruth Goodman. How to be a victorian, p.64

Depois de séculos de peças justas e estruturadas no tronco acreditava-se que os órgãos internos das mulheres precisavam de suporte. Parte disso devia-se ao fato de muitas mulheres perderem o tônus muscular por usarem corset desde cedo. Usar um corset também facilitava a manter uma boa postura e manter o corpo aquecido.

Sendo uma peça tão próxima ao corpo o corset definitivamente também estava associado ao pudor. Uma mulher que não estivesse usando um não era vista como uma mulher respeitável, por estar praticamente nua. O corset, assim como outras peças de moda, pode adquirir um outro significado com o tempo como conotação sexual ou fetichismo, por exemplo. E é por isso que vemos relatos de homens admirando alguma cintura minúscula, ou uma ou outra peça com redução extrema. Fazem parte da fantasia que permeava algumas mentes na época.

Corset: um instrumento de tortura que oprimia mulheres?

...E o vento levou, filme de 1939

Desde ‘...E o Vento Levou’ vemos em filmes mulheres sendo apertadas em seus espartilhos enquanto seguram em algo e então temos a impressão de que elas estão sendo torturadas por suas criadas ou mães. Mas isso está longe de ser verdade. Elas não eram obrigadas a usar por horas a fio uma peça que restringe o movimento afim de mantê-las quietas e em casa.

Para as mulheres de uma classe social alta o corset certamente era feito sob medida, permitindo que a respiração ocorra tranquilamente já que a redução de medidas (quando existente) ocorre apenas na região da cintura e não costelas e pulmões. Aliás é preciso levar em consideração que como uma peça de uso diário, o corset era usado em diversas atividades cotidianas, principalmente pelas mulheres de classe baixa que trabalhavam. O que não seria possível se as mulheres mal conseguissem respirar por conta de um corset extremamente apertado, não?

Os corsets não eram todos iguais, haviam ainda diversos tipos de corsets para atender as necessidades da mulher. Alguns exclusivamente desenvolvidos para praticar esportes, nadar, corrigir problemas na coluna, gravidez etc. E, claro, corsets mais enfeitados ou rígidos para serem utilizados em festas e bailes.

Charge e ilustrações sobre o tight lacing, publicadas em jornais do século XIX

Notícias e charges sensacionalistas condenando o uso extremo do corset do existiam desde a era vitoriana. E, como é comum nesse tipo de publicação, costumam exagerar para causar choque. E então aparecem ilustrações sobre deslocamento de órgãos, notícias de mulheres que morreram ao ter os pulmões perfurados por barbatanas...coisas que não possuem fontes ou evidência médica. São praticamente histórias de terror feitas para assustar jovens moças. Em praticamente todos os períodos da história da moda algum aspecto dela é ridicularizado por jornalistas e conservadores.

Afinal, as mulheres vitorianas realmente tinham 40cm de cintura?

O mito de que mulheres vitorianas tinham 40cm de cintura está bem longe de ser verdade. A maioria das mulheres tinha cerca de 60cm. Os menores corsets em museus tem entre 50 e 55cm de circunferência na cintura, mas a maioria deles tem entre 50 e 66 cm. Entre as roupas expostas, o mais comum são vestidos que medem 56cm e 66cm na cintura. Em tabelas de medidas de livros de costura do final do século XIX também podemos observar que essas medidas se mantém. A título de curiosidade, modelos como a Giselle Bundchen e Adriana Lima tem entre 58-60cm de cintura.

Tabela de medidas padrão (em polegadas) da Butterick Patterns. 1905

Além disso, os corsets eram usados aberto atrás e não completamente fechados, o que significa que a cintura natural da mulher era alguns centímetros (entre 5-8cm) maior do que a medida que vemos nos corsets que estão expostos em museus. Esses corsets que se preservaram são justamentes os que tiveram pouco uso por serem usados em ocasiões especiais, ou seja: é bem provável que para ir a uma festa uma mulher apertasse mais o seu corset para ter uma cintura mais fina, o que não caracteriza o tight-lacing.

Corsets de 1890s

O surgimento da prática do tight-lacing:

“Apesar de a maioria das mulheres vitorianas vestirem espartilhos, elas geralmente não eram mais tight-lacers com cinturas de 33 centímetros do que a maioria das mulheres de hoje  que usam sapatos fetichistas com saltos de 18 centímetros.”
Valeria Steele. Fetiche: moda, sexo e poder, p. 65

Tight lacing (ou laço apertado) se trata da prática de usar o corset constantemente apertado afim de moldar as costelas flutuantes e diminuir a cintura. A técnica surge na década de 1860, quando a cintura fina fazia parte do padrão de beleza. Durante a era vitoriana a tight lacing era praticado por uma minoria  de mulheres e inclusive era desencorajado por médicos e conservadores.

Mas e as fotos de mulheres vitorianas com cinturas minúsculas?

Polaire, um cartão de visitas e Addie Fargo

Procurando na internet encontramos fotos de mulheres no século XIX e início do XX com cinturas absurdamente finas. Muitas dessas cinturas são resultado de truques de ilusão de ótica com o volume das roupas (saias hiper volumosas, mangas bufantes, enchimento no busto e afins). Além disso mesmo nessa época já existia a edição e retoques de fotos, recurso também utilizado para afinar a cintura. O padrão de beleza da cintura fina de fato existia, mas era um ideal que boa parte das mulheres não conseguia atingir.

Fotos tiradas nas últimas décadas do século XIX

É comum que essas fotos que chamam a nossa atenção hoje sejam de mulheres de classe mais altas, nobreza, atrizes, dançarinas… pessoas que não representam a realidade da maioria da população da época. Traçando um paralelo com o presente, seria o mesmo que supor que todas as mulheres da década de 2010 tem o mesmo corpo da Kim Kardashian por conta das fotos dela no Instagram.

Finalizando:

Propaganda da Good Sense Corsets, de 1886

Mesmo ao final do século quando a cintura esteve fina como nunca vemos propagandas de ‘corsets saudáveis’, feitos com menos barbatanas (por vezes tinham cordão no lugar delas) e redução de medidas menores, ou ainda feito em tecidos leves e ventilados. Entre 1870 e 1890 também encontramos movimentos estéticos como o Natural Form e Aesthetic Dress que diferem da moda padrão da época, onde algumas mulheres inclusive dispensavam o uso de corsets.

Então em meados da revolução industrial  e próximo à I Guerra Mundial vemos mulheres cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e buscando direitos iguais. Consequentemente essa postura se reflete na moda, e os vestidos tornam-se menos restritivos assim como o corset passa a ser deixado de lado. O corset caiu em desuso não por ser opressor e anti-feminista, mas porque o período exigia roupas cada vez mais práticas para as mulheres, foi algo que aconteceu de forma gradual.

Apesar de não ser a principal intenção o uso constante do corset modificou sim a silhueta da mulher ao longo dos séculos. O que não é uma exclusividade da peça já que o corpo humano - principalmente gordura - é altamente moldável (mesmo o uso de calças baixas podem deixar marcas definitivas, a famosa cintura dupla). Antes de nos chocarmos com medidas que hoje consideramos absurdas também é preciso levar em consideração que média de altura e peso da população mundial aumentou, o que consequentemente faz com que as pessoas do século XIX sejam menores, num geral.

É importante que ao estudarmos História da Moda prestemos atenção ao contexto histórico e evitemos sensacionalismos e boatos que partem do senso comum. Há muito o que investigar nessa área e é possível contar muita história interessante a partir de um único item de vestuário. Espero que além de informativo esse post tenha sido isso: interessante.

Referências:

Fetiche: Moda, sexo e poder, Valeria Steele
How to be a victorian, Ruth Goodman
The History of Underclothes, Cecil Cunnington

Outras leituras recomendas: 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Traje de banho 1890's


    Falei sobre a moda e hábitos vitorianos na praia aqui nesse post, resumindo as pesquisas que fiz para desenvolver um traje de banho vitoriano pra mim aproveitando que iria até Florianópolis, conhecida por ter praias maravilhosas. Achei que seria uma ótima oportunidade já que sempre achei esse tipo de traje uma gracinha. Mas enfim, vamos ao processo de confecção que é o foco desse post: 

Modelo e inspiração:



    Eu tive como referência basicamente esses três trajes da década de 1890s e fui desenhando o meu modelo com base neles. Queria algo que tivesse gola de marinheiro e fosse feito em duas cores, com detalhes em fitas. Além do mais eu queria algo que tivesse um aspecto meio 'Tim Burton', e então acabei me decidindo por usar tricoline preto e um listrado de preto e branco. 



Molde e corte:


    O molde dele é bem simples: um vestido cuja saia é franzida, corpete com a cintura mais larga e gola de marinheiro, e um bloomer largo e franzido. Utilizei métodos de modelagem modernos pra traçar o vestido e o molde do bloomer é o mesmo que utilizei no último drawer que fiz, para um traje de passeio. 

Construção:



    Para a gola de marinheiro consultei alguns tutoriais de cosplay já que é um estilo muito comum em uniformes japoneses. Foi a parte que mais tive dificuldade já que nunca havia costurado algo assim. No final das contas acabou sendo mais simples do que eu imaginava, apesar de a parte da frente não ter ficado exatamente como eu gostaria (por isso acrescentei um laço).


    O corpete é forrado na frente e a gola tem entretela pra se manter rígida, assim como o cinto. O bloomer é fechado por botões e colchetes e a barra dele eu franzi com elástico. 


Acessórios:

    Mesmo na praia as vitorianas não costumavam mostrar muita pele, então acrescentei as meias e oxford (no lugar das sapatilhas, que eram mais comuns na praia). O chapéu é um boater hat e quem me emprestou foi a Pauline do Diários Anacrônicos, e é uma peça que ela mesma customizou. 

Resultado:

Foto por Laura Pereira 

 Foto por Mau Kisner

Foto por Zambi

    Eu fiquei bem satisfeita! Não saiu exatamente como eu havia desenhado, mas ainda assim achei que ficou bom em mim e cumpriu o seu papel. O tecido que escolhi acabou parecendo cinza nas fotos mas também achei o efeito interessante. 

Principais referências:

http://fattogami.tumblr.com/post/55535810171/how-to-sew-a-sailor-uniform-part-1-sewing-the
https://br.pinterest.com/pin/523684262906187464/
https://br.pinterest.com/pin/42643527692785129/
Apostila de modelagem ETEC

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A moda praia do final da Era Vitoriana



    Durante o final do século XIX, um estilo de vida mais saudável passou a ser mais valorizado, e consequentemente a moda seguiu essa tendência, surgindo assim trajes específicos para práticas de esportes, caminhadas e até mesmo banhos de mar.



    Foi a partir da década de 1880's que esportes relacionados a nado se popularizaram, e  vários clubes de natação em Londres. 



    Para mulheres que iriam passar um dia na praia haviam as bathing machines (máquinas de banho, em tradução livre). Pequenas casas de madeira com rodas que eram levadas até a água para que as mulheres pudessem se banhar com privacidade ou se trocar.  As bathing machines eram mais comuns na Inglaterra, mas também eram utilizadas em outros países.




    Para ir a praia o traje utilizado eram bem específico. Para as mulheres, o mais comum conjuntos de vestido curto e bloomers (que a essa altura já estavam sendo também utilizados em trajes femininos de ciclismo). Eles  eram feitos em flanela, lã ou jérsei e apesar de na maioria das vezes cores escuras serem utilizadas, haviam também opções em tons claros. 


    Essas peças podiam ser bastante enfeitadas com detalhes em fitas, bordados e passamanarias. Motivos 'navy' eram comuns, como golas de marinheiro, listras e afins. Junto dos trajes as mulheres utilizavam meias, sapatilhas (bathing slippers) e toucas de banho.



    Os trajes masculinos lembravam bastante a moda íntima da época, e eram basicamente macacões curtos, muitas vezes listrados.

    Mais alguns exemplos de trajes que estão atualmente em museus:

1895, Arnold Constable and Company

 1888, Missouri History Museum

1890

1900s, MET Museum

    A quem interessar, nessa página tem várias fotos de pessoas em trajes de banho do final do século XIX e início do XX. A Pauline (do Diários Anacrônicos) reuniu vários outros exemplos de trajes de banho históricos nesse painel do pinterest, recomendo dar uma olhada. 

Referências:

http://www.fashion-era.com/early_swimwear.htm
http://www.victoriana.com/library/Beach/FashionableBathingSuits.htm
http://www.victoriana.com/Etiquette/bathingmachine.htm
http://www.messynessychic.com/2014/04/15/victorian-prudes-beachside-bathing-machines/
http://www.cityofcapitola.org/capitola-museum/page/sea-century-swimwear-historic-swim-apparel
http://www.bbc.co.uk/ahistoryoftheworld/objects/k-6Qqja3RpCUgQgJnV8oMw