quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Fazendo um stays 1790-95


     Começando o ano finalizando um projeto que já estava em andamento há vários meses, um stays 1790-95. Essa não é a primeira vez me aventurando na confecção de stays, mas estava afim de trabalhar em alguma peça bordada e esse projeto veio a calhar. 

Modelo e inspiração


    Minha principal referência foi esse modelo do Victoria & Albert Museum, feito em 1790-95 em um tecido de lã. Essa peça sempre me intrigou por sua modelagem sem muitos recortes e eu tinha curiosidade em saber como ficaria o caimento no corpo. A ideia era conseguir reproduzir a modelagem da forma mais parecida possível, e usar os mesmos detalhes de acabamento. 

Molde e corte

    O molde foi o meu foco nesse modelo e reproduzi-la foi basicamente um estudo, pois precisei traçá-lo do zero. Esse stays é divido em três peças: frente, costas e alças. Aproveitei que o corte era bem plano e tracei o desenho com alguns cálculos de proporção de acordo com a foto do V&A Museum, e o que eu não pude reproduzir assim completei com palpites e me baseei em outros moldes da época.


    Aqui, os pontos que eu gostaria de alcançar eram: ombros jogados para trás, silhueta cônica, busto levantado e frente reta, assim como era o padrão da época. Como eu estava experimentando com a modelagem, um mockup foi necessário. Acabei precisando ajustar altura das costas e alargar a peça um pouco mais para que ela me servisse.

Construção


   A construção é bem simples. São duas camadas de tecido: uma de linho e outra de algodão, que serve como forro. As barbatanas são de plástico e posicionadas em pontos estratégicos seguindo a referência original, encaixadas entre o tecido principal e o forro. Para acabamento nas bordas utilizei viés de cetim. A amarração é frontal e os ilhóses bordados.


   Primeiro uni frente, costas e alças dos dois tecidos de forma separada; depois uni forro e tecido frontal, costurando também as canaletas; a última parte foi terminar de costurar forro e tecido principal nas parte superiores e inferiores e dar o acabamento com o viés. O mais trabalhoso mesmo acabou sendo o bordado, que consumiu boa parte do tempo de confecção. Nas canaletas das barbanas utilizei o ponto cruz e no ilhóses o ponto cheio.

Resultado final


    Depois de muita procrastinação, finalmente finalizei esse projeto! Fiquei bem satisfeita com a modelagem, que era minha maior preocupação. Esse stays acabou me surpreendendo por ser uma peça mais confortável do que eu imaginava, e atribuo isso ao fato dele ser um half boned stays (barbatanas em pontos estratégicos, ao invés de na peça inteira), ser mais curto e com pouca/nenhuma redução na cintura. A chemise que estou usando na foto também tem post aqui no blog.

    Pretendo usar esse stays em um traje completo futuramente, parece uma peça que pode ser usado tanto por baixo quanto como peça de cima, como em algumas pinturas da época. Mas isso é assunto para outro post. 

Principais referências e recomendações de leitura:

V&A Museum: Stays
Stays no século XVIII: o que são e como são feitos