Eu tinha visto Jane Eyre a muito tempo, pouco tempo depois que o filme lançou/saiu em DVD, e logo de cara amei! O figurino, a história, os atores, trilha...enfim, é um dos meus favoritos. Recentemente li o livro e resolvi rever o filme pra poder comparar melhor e resolvi falar sobre ele aqui. Sou péssima com sinopses, mas vamos lá:
O filme conta a história de Jane Eyre desde a sua infância. Jane é uma criança órfã que vive com sua tia e seus primos, porém ambos a tratam mal. Ela tem uma personalidade forte e é uma pessoa quieta e observadora, porém sua tia a tem como uma criança má e mal educada e a manda para um orfanato. Nesse orfanato Jane tem uma educação bem rigorosa e lá permanece até seus 18 anos (os últimos dois como professora), saindo de lá como uma moça bem educada.
Figurino:
O figurino ficou por conta de Michael O'Connor (também responsável pelo figurino de The Duchess). O livro foi lançado em 1847 mas sua história se passa 10 anos antes, porém o Cary Fukunaga (diretor) achou que seria melhor fazer o figurino da década de 1840, pois nem ele nem o Michael gostavam da moda da década de 30. O próprio Fukunaga disse: "the clothing style of the '30s was just awful". E eu não posso discordar do Fukunaga e agradecer essa escolha porque também detesto essa década, haha.
O figurino é um espetáculo a parte, e dá pra ver bem o contraste entre as roupas de trabalhadoras como a Jane e a governanta da casa (Sra. Fairfax) e pessoas mais ricas como a tia de Lady Ingram, por exemplo.
Quem quiser conferir mais imagens do figurino pode ver aqui.
Jane à frente e Lady Ingram logo atrás.
Trilha Sonora:
A música ficou a cargo de Dario Marianelli (que também fez trilhas de outros filmes de época) e é belíssima e compensa a falta de diálogo em algumas cenas. Uma palhinha:
Diferença livro x filme e sua adaptação:
Apesar dos cortes sempre presentes em adaptações ( e nesse caso foram condensadas mais de 500 páginas em 2 horas), o filme é bem fiel ao livro e os cortes não comprometem a compreensão da história. Esta não ficou confusa no filme e ainda tem o mesmo "feeling" do livro. A escolha dos atores foi ótima, mas apesar de adorar o Edward Rochester do Fassbender, a personalidade dele acabou ficando um pouco diferente da do livro, no livro ele é mais enérgico e é bem feio (fato esse diga-se de passagem que é citado constantemente), e o Michael Fassbender pode ser tudo menos muito feio.
O Cary Fukunaga aproveitou o mistério do Sr. Rochester para dar um clima mais "terror" no filme, recomendo que vejam as cenas excluídas, algumas coisas são melhor explicadas ali.
Bem, é isso, não sei se alguém por aqui ainda não viu, mas de qualquer maneira fica a dica de um ótimo filme pra quem gosta de se inspirar nos figurinos e de um romance vitoriano com um quê feminista. ^^
Citações do livro (contem spoilers):
"Há verdade nas mais loucas fábulas" Edward Rochester
"Ele me fez amá-lo sem ao menos me olhar" Jane Eyre
"E é a você, mesmo pobre e obscura, feiosa e baixinha, que peço que me aceite como marido" Edward Rochester
"Faça minha felicidade que eu farei a sua". Edward Rochester.
"Se por um lado eu não posso contaminá-la, por outro, você pode me arejar" Edward Rochester
"Meus olhos se voltavam para ele, mesmo sem querer. As pálpebras se erguiam por conta própria, e as íris nele se fixavam. Eu olhava e sentia um prazer agudo em olhar - um prazer raro, embora doce-amargo. Precioso, mas com uma ponta de agonia. Um prazer como o que um homem morto de sede deve sentir ao perceber que o poço até o qual se arrastou tem a água envenenada, água que ele, mesmo sabendo disso, beberá de qualquer forma." Jane Eyre
"Em pleno verão, descera sobre ela o rigor do inverno" Jane Eyre
"Cada átomo de sua carne me é caro como se fosse parte do meu próprio corpo" Edward Rochester
"É melhor levar uma criatura ao desespero absoluto do que desobedecer meras leis humanas, cuja transgressão não faria mal a ninguém?" Edward Rochester
"- Não seria maldade me amar
- Mas obedecer-lhe seria".
"Leis e princípios não foram feitos para os tempos em que não há tentação"
" Mas creio que nenhum serviço degrada, desde que possa nos tornar melhores" - St. John
"Propensões e princípios devem ser conciliados, de alguma forma" St. John
"A lembrança dele continuava comigo, pois não era um vapor que o calor do sol pudesse dispersar, nem tampouco uma efigie de areia que os ventos fossem capaz de desfazer". Jane Eyre.