domingo, 15 de junho de 2014

Pseudo resenha: Contos de Oscar Wilde

      Eis que tenho um rascunho de um post sobre O Retrato de Dorian Gray aqui a um tempão mas nunca consigo finalizá-lo, porque acho difícil expressar o quão maravilhoso acho esse livro e os motivos para eu adorá-lo. Mas enquanto isso, irei falar um pouco sobre uma coletânea de contos que li recentemente.



      A coletânea que li é da editora Cultrix, com 207 páginas e 11 contos: A esfinge sem segredos, O amigo dedicado, O aniversário da Infanta, O filho da estrela, O foguete notável, O gigante egoísta, O jovem rei, O modelo milionário, O pescador e a sua alma, O príncipe feliz, O rouxinol e a rosa; além de uma novela: O Fantasma de Canterville. Todos (bem) traduzidos por Octavio Mendes da Silva e Celly Monteiro Moço, e é dessa edição que eu retirei as citações que coloco aqui. Diga-se de passagem que a maioria senão todos podem ser encontrados para download ou leitura online, por serem domínio público.

     Em praticamente todos os contos nota-se que Oscar Wilde faz questão de deixar claro a sua opinião sobre o amor, dinheiro, amizade, beleza e outros temas, quase tudo com boas doses de sarcasmo e finais infelizes. Apesar de haver alguns contos (como O gigante egoísta) que possuem um teor mais infantil, o requinte costumeiro de Wilde ainda se faz presente. Dentre esses contos destaco alguns (de acordo com minhas preferências pessoais mesmo):

A esfinge sem segredos:

"As mulheres fizeram-se para ser amadas, não para serem compreendidas" 

Neste conto, o personagem que narra a história conversa com um amigo sobre uma  mulher que chamou a sua atenção por ser misteriosa e possuir manias estranhas, ele acaba se apaixonando e fazendo de tudo para descobrir quais são os segredos desta mulher. Esse é definitivamente um dos meus contos preferidos do Oscar Wilde, e pra mim a melhor parte é o desfecho. Também é possível observar a visão de Wilde sobre as mulheres (vide a citação acima), que ora é idealizada e outras vezes (como em O retrato de Dorian Gray) beira a algo misógino.


O modelo bilionário: 

"A menos de ser rico, a ninguém adianta ser encantador. O romance é privilégio do abastado, e não o ofício do desempregado. O pobre há de ser prático e prosaico. Mais vale uma renda permanente do que ser fascinante."

"Os homens encantadores e as mulheres deliciosas governam o mundo, ou, pelo menos, deveriam governá-lo". 

Nesse conto a história de um homem que vai visitar seu amigo pintor enquanto este está fazendo o retrato de um mendigo, que acaba comovendo este homem que mesmo estando com uma situação financeira instável decide ajudá-lo,  serve como pano de fundo para que Wilde discorra sobre a beleza e o dinheiro. Nesse conto ele deixa claro que considera o dinheiro algo importantíssimo, mas ainda que a tão adorada beleza. Assim como A esfinge sem segredos é um conto que se destaca pelo seu desfecho e a reviravolta que acontece na trama.


O pescador e sua alma:

"- Que coisa estranha é esta! Diz-me o Padre que a Alma vale todo o ouro do mundo, e os mercadores afirmam que não vale uma moeda cerceada de prata." 

"Pois, na verdade, o sofrimento é o Senhor deste mundo,e ninguém existe que lhe escape da rede". 

Ainda pegando o gancho o dinheiro, esse conto o  relaciona com o amor, que creio eu que é o tema em que Wilde mais descarrega sua ironia. Nesta história um jovem pescador se apaixona por uma sereia, e para poder viver com ela no fundo do mar decide abrir mão de sua alma, que acaba vagando pelo mundo e volta após um ano cheia de malícia e querendo ter seu lugar de volta.

O rouxinol e a rosa:

"Que coisa ridícula é o amor! Não é, nem pela metade, tão útil quanto a lógica: nada prova e está sempre a falar-nos de coisas que não vão suceder, a fazer-nos crer em coisas que não são reais. Na verdade é de todo inútil e, neste século, a utilidade é tudo. Voltarei à filosofia e estudarei metafísica".

Ah, o amor...
No conto que encerra a coletânea (com chave de ouro, eu diria), a história começa como um típico conto de fadas onde o mocinho, apaixonado pela mocinha, precisa encontrar uma rosa vermelha até o dia do baile para poder dançar com ela e ter o seu "felizes para sempre". Mas estamos falando de Wilde, e aqui já se torna clichê dizer que a melhor parte é o desfecho, e pra mim este é um dos contos mais sensacionais dele, junto com A esfinge sem segredos, e que só prova que ele era um gênio e sabia discorrer sobre a sociedade e seus ideais como ninguém.



Oscar Wilde foi um escritor que nasceu em 1854 na Irlanda, e escreveu  principalmente peças de teatro e contos, tendo escrito apenas um romance, e foi lido até mesmo pela Rainha Vitória. Se destacava pela sua ironia, crítica social e seu estilo de vida característico dos dandies, sendo que foi preso por cometer atos imorais (o que na época significava ser homossexual), onde continuou escrevendo. Mas a prisão, apesar de ainda ter sido fonte de inspiração para escrever, acabou sendo um golpe pesado na saúde de Wilde, e ele morreu pouco tempo depois de ter sido solto, em 1900.


Acho que ficou bem explícito que esse livro é mais que recomendado, não? Aqui eu só destaquei os meus preferidos, mas e aí, quais são seus contos preferidos?


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